quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ronald mallett o dono do tempo?

Físico dos EUA promete construir máquina do tempo

Um professor de Física norte-americano garante estar construindo uma máquina do tempo. Ronald Mallett, da Universidade de Connecticut, disse que o aparelho poderia levar qualquer coisa, de um átomo a uma pessoa, para o passado ou ao futuro.

Mallet disse que espera ter um modelo em funcionamento para começar suas experiências ainda neste semestre. Ao jornal The Boston Globe, ele revelou que a "máquina do tempo" se baseia na Teoria da Relatividade, do físico Albert Einstein.

O físico disse que não teme ser motivo de piadas pelo invento. "Eu não sou louco", garantiu. "Eu também pensaria que se trata de um delírio se fosse um de meus colegas, mas eu sei porque estou trabalhando nisso. Esta não é teoria de Ron Mallett da matéria. É a teoria de Einstein".

O professor e seus colegas planejam inicialmente construir uma máquina para testar se é possível transportar uma partícula subatômica pelo tempo usando um anel de luz। Mesmo que a experiência dê certo, transportar um ser humano exigiria muito mais energia do que os cientistas podem aproveitar atualmente.
Um novo conceito de máquina do tempo pode permitir que viajemos até o passado, diz uma pesquisa.
Diferente de idéias anteriores de máquinas do tempo, este novo conceito não requer formas de matéria exóticas que só existem na teoria. Porém ainda seria necessária tecnologia muito mais avançada do que qualquer coisa que existe hoje e grandes perguntas ainda restam como, por exemplo, se a máquina do tempo seria estável o suficiente para permitir realmente voltar no tempo.

Pesquisadores de máquinas do tempo comumente investigam a gravidade, o que essencialmente vem à tona quando a matéria curva o espaço e o tempo. Pesquisa de viagem no tempo é baseada em curvas espaço-temporais até onde estas linhas de tempo retornem formando um ciclo (ou loop, em inglês), tecnicamente conhecido como “curva fechada similar ao tempo”.

“Sabemos que a curvatura realmente ocorre o tempo todo, mas nós queremos que a curva seja forte o suficiente para tomar uma forma específica onde as linhas de tempo formem ciclos fechados”, disse o físico teórico Amos Ori no “Technion-Israel Institute of Technology” em Halifa. “Estamos tentando descobrir se é possível manipular o espaço-tempo para desenvolver-nos neste caminho.”

Muitos cientistas são céticos sobre a possibilidade de viajem no tempo. Por exemplo, máquinas do tempo comumente precisam de formas exóticas de matéria como a chamada “energia de densidade negativa”. Estas matérias exóticas tem propriedades bizarras, incluindo mover-se na direção oposta da matéria normal quando empurrada. Tal matéria poderia teoricamente existir, mas se existir, pode estar presente em quantidades muito pequenas para a construção de uma máquina do tempo.

A última pesquisa de Amos sugere que máquinas do tempo são possíveis sem matéria exótica, eliminando uma barreira para a viagem temporal. Seu trabalho começa com um buraco com formato de rosquinha envelopado em uma esfera de matéria normal.

“Estamos falando destes ciclos fechados de tempo e o tipo mais simples de ciclos fechados são os círculos, que é a razão por termos este buraco em forma de anel”, explicou Amos.

Dentro deste vácuo em forma de rosquinha o espaço-tempo pode ser dobrado sobre si mesmo, o viajante correria por dentro da rosquinha indo cada vez mais para o passado com cada volta.

“A máquina é o próprio espaço-tempo”, disse Amos. “Se criássemos uma área com uma dobra como esta em espaço que permitisse que as linhas se fechassem em si mesmas, poderia ser possível que futuras gerações retornassem para visitar nosso tempo.”

Amos enfatizou uma significativa limitação desta máquina: “ela não poderia ser utilizada para viajar para um tempo anterior ao da construção da própria máquina do tempo”. Suas descobertas estão detalhadas na edição de três de agosto da revista Physical Review D.

No entanto ainda há uma série de obstáculos. Os campos gravitacionais necessários para fazer uma linha temporal tão fechada teriam que ser muito fortes, “de ordens que poderiam ser encontradas próximas de buracos negros”, disse Amos. “Nós não temos como criar campos gravitacionais tão fortes hoje e certamente não podemos manipular tais campos gravitacionais.”

Mesmo que as máquinas do tempo fossem tecnicamente possíveis, os campos gravitacionais envolvidos teriam que ser manipulados de maneiras muito específicas e precisas e Amos diz que cálculos sugerem que a máquina do tempo seria muito instável, “o menor desvio poderia evitar que ela funcionasse. Nós precisamos explorar o problema da estabilidade das máquinas do tempo mais aprofundadamente”.

O físico teórico Ken Olum da Tufts University in Medford, que não participou do estudo, estava cético no que se referia a este novo modelo que, alegadamente, seria um salto comparada a outras objeções teóricas sobre a viagem no tempo.

Mesmo assim Ken disse que “é importante se estiver certa: no que tange à existência de um tipo de ciclo fechado. Portanto isso deveria ser olhado cuidadosamente”. O principal deste trabalho, ele adicionou, quer “expandir os limites do que é possível: quais tipos de coisas podem existir e quais tipos não podem”.

como fazer um maquina do tempo
Considerações iniciais

Uma máquina do tempo ideal deveria permitir movimento apenas no tempo, e não no espaço. Para viajar no espaço a gente tem carro, foguete, lancha, balão, bicicleta. O que falta é um dispositivo que permita “viajar” (por falta de um termo mais apropriado) por horas, semanas, meses, decênios, milênios. E não da forma unilateral que se faz quando se mergulha em recordações de um passado vivido, contado ou imaginário (ou acaso alguém esteve na Idade Média para saber como ela realmente era?).

Da importância da construção da cabine

Como ficou decidido que a movimentação se dará apenas no tempo, e não no espaço, faz-se necessária a construção de uma espécie de cabine que permita tal deslocamento. A cabine deveria ser pequena (para uso individual, provavelmente) e feita de um material firme e forte, que resista à ação do tempo (sem ironias).
A pessoa entra na cabine no momento em que está, e sai algum tempo antes no mesmo lugar (para deslocamentos no espaço, consulte o item Máquina do Tempo X Teletransporte). Para pequenas distâncias no tempo, a “viagem” seria tranqüila. O problema é com futuros longos retrocessos no tempo, o que talvez fosse requerer que a cabine seja de um tamanho e formato confortáveis. Considerando-se a necessidade de que a cabine tenha existência tanto no tempo de onde se parte quanto no momento de destino, as longas “viagens” apenas se processarão daqui alguns anos (isso se a máquina for efetivamente implantada e produzida mais ou menos por agora). Mas, em termos simples e lógicos, voltar uma semana no tempo para tentar compreender um pequeno mal entendido é rápido. Mas se alguém que esteja em 3417 resolva voltar ao ano de 2006 para tentar compreender como se deu a construção de determinado dispositivo da máquina do tempo, aí com certeza a “viagem” vai ser bem mais demorada.

O quanto demorada vai ser a “viagem”

Por uma decisão completamente arbitrária (este post trata da construção da minha máquina do tempo, portanto, reservo-me no direito de decidir de forma totalmente aleatória tudo o que concerne ao funcionamento da minha hipotética máquina do tempo), e fazendo analogia com distâncias físicas, cada minuto deslocado no tempo corresponderá a 1 metro. Para fins de cálculo do tempo, considerar-se-á apenas o tempo de deslocamento real, desconsiderando-se os tempos de desintegração e reintegração da matéria (cf. item “Conversão da matéria em luz” abaixo).

Máquina do tempo X Teletransporte

Antes de prosseguir, convém lembrar que o mesmo princípio de desintegração e reintegração da matéria poderá ser adotado na construção de uma máquina de teletransporte (mas aí se estaria falando em uma “máquina do espaço”, o que de certa forma foge à temática proposta neste post). Mas já adianto: o esforço teórico para a construção de uma máquina de teletransporte é completamente inútl, pois para isso (deslocamento no espaço) já dispomos de diversas bugigangas semoventes que desempenham tal função de forma satisfatória, embora em velocidades bem menores do que o que se gostaria. Assim, o caminho para que se atinja uma melhora no deslocamento espacial não é investir no teletransporte, e sim tratar de garantir que a velocidade dos atuais meios existentes seja aumentada.

Conversão da matéria em luz

Tendo sido feita a distinção entre máquina do tempo e máquina do espaço (teletransporte), o passo seguinte seria determinar como se dará a desintegração da matéria. Uma saída prática seria converter a massa do indivíduo que pretende se deslocar no tempo em luz, haja vista a extrema velocidade que a luz é capaz de atingir (ressalte-se novamente que o mesmo princípio também poderia ser adotado numa infrutífera máquina de teletransporte).

A velocidade da luz

A velocidade máxima que a luz pode atingir é de 1 800 000 000km/h, ou seja, 300.000km/segundo. Mas aí tem toda aquela história da teoria da relatividade que diz que a massa do objeto que chega perto da velocidade da luz e a percepção do tempo de quem está em tal velocidade acabam sendo alteradas. A massa reduz, o tempo encolhe. Daí a máquina do tempo necessariamente teria que ter um dispositivo que permitisse corrigir tal falha. Esse é um detalhe que deverá ser trabalhado com o tempo. Por ora, vale fazer como nos exercícios de física do Ensino Médio e partir do pressuposto de que todos os dados complicados poderão ser desconsiderados (“despreze a gravidade, ela é inútil e tem um valor muito complicado”) em nome de uma possível reflexão teórica distanciada acerca do caso.
Entretanto, uma consideração importante que não se pode deixar de fazer neste momento é a necessidade de parcimônia para a utilização da máquina do tempo. Ora, se a conversão causa mudanças de ordem física e temporal, é lógico deduzir que seu uso prolongado possa causar sérias conseqüências. Este assunto poderá ser retomado em futuras considerações teóricas acerca da construção da máquina do tempo. Fica o convite para eventuais pesquisadores e interessados no tema possam desenvolvê-lo via comentários.

Tabela 1 - Proporções tempo – minutos

tempominutos
1 dia1.440 minutos
1 semana10.080 minutos
1 mês43.829 minutos
1 ano525.948 minutos

Cálculos

Logo, na razão de 1 metro por minuto que se queira retroceder no tempo, convertendo a massa em luz, tem-se que:
1 ano = 525 948 minutos.
525 948 minutos = 525 948 metros
525 948 metros = 525,948 km
A uma velocidade de 300.000km/s, seria possível retroceder 1 ano no tempo em menos de 1 segundo (0,0017 segundos). Nessa mesma proporção, uma viagem de 40 anos no tempo (de 2046 para 2006, caso a máquina seja construída ainda este ano), levaria um pouco mais de tempo, mas mesmo assim se manteria em menos de 1 segundo (0,7 segundos). A velocidade seria apenas significativa para trajetos que envolvessem mais de 300.000.000 metros, o que se daria em mais de 570 anos. Como esta não deve ser uma preocupação de alguém que exista em 2006, deixaremos essa reflexão para nossos descendentes, e vamos logo ao que interessa.

Da impossibilidade de se alterar o passado

Alterar o passado poderia ter conseqüências drásticas (tipo Efeito Borboleta, teoria do caos... mexe num detalhezinho e teu futuro muda drasticamente... tanto que tu podes nem mais existir nele – vide Paradoxo do Avô). Logo, o retorno no tempo deveria apenas permitir que se assistisse, como mero espectador, aos acontecimentos do passado.
Não haveria problemas em alguém se assustar ao se deparar com uma versão de si mesma alguns anos mais velha circulando por aí, pois todos do passado “revisitado” saberiam da existência da máquina do tempo, já que a cabine precisaria existir em tal tempo para permitir o “deslocamento” temporal. Mas para evitar confusões e mal-entendidos, o ideal seria que a versão do corpo que retorna ao passado seja mais ou menos fantasmagórica (e decididamente invisível).
Outra questão importante é decidir se a pessoa vai com a idade que tem, ou com a idade que tinha (e, consequentemente, com o grau de julgamento da idade que irá revisitar). Há dois aspectos a serem observados: (1) de nada adiantaria, por exemplo, poder retornar ao passado para avaliar com distanciamento crítico uma determinada ação, se não se pudesse utilizar dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo para poder refletir com maiores subsídios e tentar alterar o futuro (já que o passado é inalterável); e (2) se a pessoa vai ao passado, como mero espectador (sem poder interferir nos eventos), nada mais lógico que se vá com a idade que se tem no momento em que se entra na máquina (e não com a idade que terá quando observar-se ao sair dela).

Finalidade prática da máquina do tempo

A utilização prática da máquina, ao menos em tempos em que estejamos vivos (considerando-se a construção da máquina em 2006, e uma expectativa de vida média de 71,3 anos para um brasileiro), será apenas para rever acontecimentos dos quais tomamos parte e durante os quais estivemos vivos. Sua finalidade principal seria permitir que as pessoas revejam suas atitudes e reconsiderem seus posicionamentos.

Conclusão inexorável

A máquina do tempo já existe, sob diversas formas e para diversos usos: máquina de fotografar, máquina filmadora, blogs. Tudo são próteses que nos ajudam a revisitar o passado em momentos de dúvidas. Mas não dá para se prender a ele: o presente está aí, para ser vivido. E o futuro chega a todo momento. Então, qual o sentido de se querer tanto ir de volta ao passado?
Como construir uma máquina do tempo
Não é fácil, mas também não é impossível
por Paul Davies

O gerador buraco de minhoca/rebocador foi imaginado pelo artista futurista Peter Bollinger. Esta pintura descreve um gigantesco acelerador de partículas espacial capaz de criar, aumentar e mover o buraco de minhoca para ser usado como máquina do tempo




Viagens no tempo são um tema popular da ficção científica desde que H.G. Wells escreveu A Máquina do Tempo, em 1895. Mas esses deslocamentos são possíveis? Está dentro das possibilidades do homem a construção de uma máquina capaz de transportá-lo para o passado e o futuro?

Durante muitas décadas as viagens no tempo ficaram fora dos limites da ciência mais respeitável. Mas, nos últimos anos, o assunto começou a ser discutido com freqüência cada vez maior pelos físicos teóricos. Em parte, eles fazem isso para se distrair - é divertido pensar sobre viagens no tempo. Mas há um lado sério. Compreender a relação entre causa e efeito é parte das tentativas para a formulação de uma teoria unificada para a física. Se as viagens do tempo forem possíveis, mesmo em princípio, a natureza dessa teoria unificada será drasticamente afetada.

Começamos a entender melhor o tempo depois que Einstein formulou suas teorias da relatividade. Antes do aparecimento dessas teorias, considerava-se o tempo como absoluto e universal. Era igual para todos, mesmo se as circunstâncias físicas fossem diferentes. Na teoria da relatividade especial, Einstein propôs que o intervalo entre duas etapas depende da maneira como o observador se desloca. Isso é crucial.

Quando dois observadores se movem de maneiras diferentes, experimentam durações diferentes।




Descreve-se este efeito freqüentemente com o chamado "paradoxo dos gêmeos". Vamos dizer que João e Maria sejam irmãos gêmeos. Maria viaja numa nave em velocidades altíssimas até uma estrela e regressa à Terra. João continua em casa. Para Maria, a viagem durou um ano. Mas, quando ela retorna, descobre que se passaram dez anos na Terra. O seu irmão está nove anos mais velho que ela. João e Maria não têm mais a mesma idade, apesar de nascidos no mesmo dia. Este exemplo, de certa maneira, mostra uma viagem no tempo, mesmo limitada. Maria deu um salto de nove anos no futuro da Terra.

JET LAG

Este efeito, conhecido como dilatação do tempo, ocorre sempre que dois observadores se movimentam um em relação ao outro. No dia-a-dia não observamos grandes variações, porque o efeito só é perceptível quando o movimento ocorre em velocidades próximas à da luz. Nas velocidades dos aviões comerciais, a dilatação do tempo, numa viagem normal, corresponde a alguns poucos nanossegundos, o que não é suficiente para inspirar romances de ficção científica. De qualquer maneira, os relógios atômicos têm precisão suficiente para registrar a mudança e confirmam que o movimento realmente afeta o tempo. Assim, a viagem ao futuro é um fato comprovado, embora ainda não em grandes proporções.

Para observar saltos no tempo verdadeiramente impressionantes, é preciso olhar além do domínio da experiência normal. Partículas atômicas podem ser empurradas para velocidades próximas à da luz nos grandes aceleradores. Algumas dessas partículas, como os múons, têm relógios internos e decaem com uma meia-vida bem definida. É possível observar múons em velocidades altíssimas nos aceleradores decaindo em câmera lenta, o que confirma mais uma vez a teoria de Einstein. Da mesma maneira, raios cósmicos também apresentam saltos espetaculares no tempo. Essas partículas se movem em velocidades tão próximas da luz que, para o ponto de vista de seus relógios internos, atravessam a galáxia em alguns segundos, embora para a referência da Terra pareça levar milhares de anos. Se não houvesse dilação do tempo, essas partículas nunca chegariam aqui.

A velocidade é uma maneira de saltar no tempo. Mas existe outra: a gravidade. Na teoria da relatividade geral, Einstein sugeriu que a gravidade faz com que o tempo escoe mais devagar. Os relógios andam um pouco mais depressa no sótão que no porão, que está mais próximo do centro da Terra e, portanto, mais no interior do seu campo gravitacional. De acordo com o mesmo princípio, os relógios andam mais depressa no espaço que no solo. O efeito é mínimo, mas já foi confirmado com o uso de relógios de altíssima precisão. Aliás, ele é levado em conta no Sistema de Posicionamento Global (GPS). Se não fosse, o fenômeno levaria motoristas, marinheiros e mísseis teleguiados a cometer erros de quilômetros no caminho para seus destinos.
Na superfície de uma estrela de nêutrons a gravidade é tão intensa que o tempo corre cerca de 30% mais lentamente, em relação à Terra. Visto dessa estrela, um fato pareceria acontecer com a velocidade fast-forward de um aparelho de vídeo. O buraco negro apresenta o máximo em termos de distorção do tempo. Na superfície do buraco, o tempo parece estar parado em relação à Terra. Isso significa que se você cair num buraco negro, de uma distância pequena, toda a eternidade passará diante de seus olhos no curto espaço que atravessará para atingir a superfície. A região no interior do buraco negro está além do extremo do tempo, no que diz respeito ao universo de fora. Se um astronauta conseguisse chegar bem perto de um buraco negro e voltar inteiro - uma possibilidade muito difícil, para não dizer suicida - daria um salto muito além no futuro.

SOLUÇÃO DE GÖDEL

Até agora venho discutindo a viagem no tempo para a frente, para o futuro. E para trás, para o passado? Isso é muito mais problemático. Em 1948, Kurt Gödel, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, apresentou uma solução para as equações dos campos gravitacionais de Einstein que descrevia um universo em rotação. Num universo desse tipo, um astronauta poderia chegar ao seu passado atravessando o espaço. Isso ocorreria devido à maneira como a gravidade afeta a luz. A rotação do universo puxaria a luz (e assim as relações causais entre os objetos) consigo, em seu movimento. Um objeto material viajaria no espaço num círculo fechado, que seria também um círculo fechado no tempo. A solução de Gödel foi considerada apenas uma curiosidade matemática, pois, em nenhum momento, as observações levaram à conclusão de que o universo gira em torno de si. Mas seu resultado serviu para mostrar que voltar atrás no tempo não é algo proibido pela teoria da relatividade.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA



Uma Máquina do Tempo de Buraco de Minhoca em Três Etapas, Nenhuma das Quais Muito Fácil

1 - Encontre ou monte um buraco de minhoca, um túnel que liga dois pontos no espaço. Pode ser que buracos de minhoca de grande porte existam no espaço profundo, herança do Big-Bang. Se não encontrar nenhum, vamos ter que nos contentar com buracos de minhoca subatômicos, ou naturais (de acordo com algumas teorias, eles aparecem e desaparecem rapidamente em nosso redor) ou artificiais (produzidos por aceleradores de partículas). Esses buracos de minhoca pequeninos teriam de ser aumentados até atingir proporções úteis, talvez pelo uso de campos de energia como o que fez o espaço inflar logo depois do Big-Bang.

2 - Estabilize o buraco de minhoca. Uma infusão de energia negativa, produzida por meios quânticos como o chamado efeito Casimir, permitiria a passagem segura de um sinal ou um objeto através do buraco de minhoca. A energia negativa controla a tendência do buraco de minhoca de chegar a um ponto de densidade infinita ou quase infinita. Em resumo, impede que o buraco de minhoca se transforme em buraco negro.

3 - Transporte o buraco de minhoca. Uma espaçonave, com tecnologia muito avançada, separaria as aberturas do buraco de minhoca. Uma abertura seria colocada junto à superfície de uma estrela de nêutrons, uma estrela de altíssima densidade, com campo gravitacional muito forte. A gravidade intensa faz com que o tempo corra mais devagar. Como o tempo corre mais depressa na outra abertura, os dois extremos do buraco de minhoca ficam separados não só no espaço, mas também no tempo.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA
Há outros cenários capazes de visualizar situações que permitiriam viagens ao passado. Em 1974, por exemplo, Frank Tipler, da Universidade Tulane, calculou que um cilindro maciço, infinitamente comprido, girando em torno do seu eixo em velocidades próximas à da luz, permitiria visões do passado, mais uma vez porque a luz seria puxada em torno do cilindro, formando um círculo. Em 1991, Richard Gott, da Universidade Princeton, sugeriu que as cordas cósmicas - estruturas que de acordo com os cosmólogos foram criadas nos estágios iniciais do Big-Bang - poderiam produzir efeitos semelhantes. O cenário mais próximo da realidade para a existência de uma máquina no tempo surgiu, porém, em meados da década de 80, com base no conceito do buraco de minhoca.

Os buracos de minhoca são comuns nos livros de ficção científica, onde aparecem também com o nome de portões espaciais. Trata-se de atalhos entre dois pontos separados no espaço. Se você entrar em um buraco de minhoca, sairá rapidamente no outro lado da galáxia. Os buracos de minhoca estão de acordo com a teoria da relatividade geral, uma vez que a gravidade não distorce só o tempo, mas também o espaço. A teoria permite a existência de análogos a túneis ligando dois pontos no espaço. Os matemáticos chamam esses tipos de espaço de multiplamente conectados. Como um túnel numa montanha pode ser mais curto que a estrada na superfície, um buraco de minhoca pode ser mais curto que um percurso pelo espaço normal.
TRANSFORMANDO O PASSADO




O paradoxo da mãe, formulado às vezes usando outras relações familiares, surge quando uma pessoa ou objeto pode voltar atrás no tempo e alterar o passado. Uma versão mais simples é apresentada com bolas de bilhar. Uma bola de bilhar passa através de uma máquina do tempo de buraco de minhoca. Ao sair da abertura, atinge ela mesma, como era no passado, impedindo, assim, sua entrada no buraco de minhoca.

A Mãe de Todos os Paradoxos


A solução do paradoxo vem de um fato simples: a bola de bilhar não pode fazer nada que não esteja de acordo com a lógica ou com as leis da física. Não pode passar pelo buraco de minhoca de uma maneira capaz de impedir a própria passagem pelo buraco de minhoca. Nada impede, porém, que passe pelo buraco de minhoca numa infinidade de outras maneiras.

O buraco de minhoca foi usado como recurso de ficção por Carl Sagan em seu romance Contato, publicado em 1985. Incentivados por Sagan, Kip Thorne e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia se dedicaram ao trabalho de verificar se os buracos de minhoca seriam possíveis pelas leis da física. Partiram da idéia de que o buraco de minhoca lembraria o buraco negro, por ser um objeto com imensa gravidade. Mas, ao contrário do buraco negro, que oferece apenas uma viagem só de ida para o nada, o buraco de minhoca teria saída, além de entrada.
MATÉRIA EXÓTICA

Para que o buraco de minhoca permita a passagem de um objeto, deve conter o que Thorne chamou de matéria exótica. Na prática, trata-se de algo que gere antigravidade, para combater a tendência natural de um sistema maciço para implodir, transformando-se num buraco negro. A antigravidade, ou repulsão gravitacional, pode ser gerada por energia ou pressão negativas. Sabe-se que existem estados de energia negativa em certos sistemas quânticos. Isso sugere que a matéria exótica de Thorne não é inteiramente afastada pelas leis da física, embora não seja claro se é possível juntar material antigravitacional suficiente para estabilizar um buraco de minhoca.

Logo Thorne e seus colegas chegaram à conclusão de que se um buraco de minhoca pode ser criado, pode também ser transformado rapidamente numa máquina do tempo.

Para adaptar o buraco de minhoca às viagens pelo tempo, uma de suas aberturas poderia ser rebocada até uma estrela de nêutrons e colocada perto da superfície. A gravidade da estrela tornaria o tempo mais lento perto da abertura, fazendo com que uma diferença de tempo entre as duas aberturas fosse aumentando gradualmente. Se as duas aberturas fossem estacionadas, essa diferença de tempo seria mantida.

Vamos supor que a diferença fosse de dez anos। Uma pessoa que passasse pelo buraco de minhoca numa direção sairia dez anos no futuro. Se passasse na outra direção, sairia dez anos no passado. Se voltasse ao ponto de partida em alta velocidade, através do espaço normal, a segunda pessoa poderia voltar para casa antes mesmo de ter partido. Em outros termos, um círculo fechado no espaço poderia transformar-se num círculo fechado no tempo. A única restrição seria a de que a pessoa não poderia voltar a uma época anterior à construção do buraco de minhoca.




Um problema no caminho da construção de um buraco de minhoca como máquina do tempo é, em primeiro lugar, a criação do próprio buraco de minhoca. É possível que o espaço esteja cheio dessas estruturas, criadas naturalmente como relíquias do Big-Bang. Se for esse o caso, uma supercivilização pode descobrir e tomar conta de uma delas. Outra possibilidade é a de que os buracos de minhoca apareçam em pequenas escalas, o chamado comprimento Planck, cerca de 1020a potência, menores que um núcleo atômico. Um buraco de minhoca desse tamanho pode ser imobilizado por um pulso de energia e, depois, aumentado até chegar a dimensões em que possa ser usado.

CENSURADO

Partindo do princípio de que os problemas de engenharia possam ser superados, a construção de uma máquina do tempo abriria uma caixa de Pandora de paradoxos causais. Vamos imaginar que um viajante do tempo vá ao passado e mate sua mãe quando ela era ainda menina. Que sentido tirar disso? Se a menina morre, não pode crescer e dar à luz ao viajante. Mas, se o viajante não nasceu, como pode voltar ao passado e matar a mãe?

Paradoxos deste tipo só surgem quando o viajante tenta mudar o passado, o que é obviamente impossível. Mas isso não impede que alguém se torne parte do passado. Vamos supor que o viajante volte ao passado para salvar a menina que se tornaria sua mãe de ser assassinada. Este círculo causal é coerente e não representa um paradoxo. A coerência causal pode impor restrições ao que um viajante no tempo pode fazer no passado. Mas não impede as viagens no tempo.


Mas, mesmo sem paradoxos, uma viagem no tempo pode ter conseqüências estranhas. Vamos imaginar uma pessoa que dê um salto de um ano para o futuro e lê um artigo sobre um novo teorema matemático numa edição futura de SCIENTIFIC AMERICAN. Toma nota dos detalhes, volta ao seu tempo e ensina o teorema a um aluno, que então escreve um artigo sobre o assunto para a revista. Surge a pergunta: de onde veio a informação sobre o teorema? Não foi do viajante, que apenas leu sobre o assunto, e também não foi do aluno, que recebeu a informação do viajante. A informação parece ter surgido do nada.
As possíveis conseqüências das viagens no tempo levam cientistas a rejeitar em princípio a própria idéia desses deslocamentos. Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, propôs uma "conjectura de proteção da cronologia", com mais ou menos esse objetivo. Como a teoria da relatividade permite as viagens ao passado, a proteção da cronologia exigiria a presença de outro fator para impedir sua realização. A resposta pode estar em processos quânticos. Numa máquina do tempo, partículas saltariam para seu próprio passado. Cálculos sugerem que isso criaria distúrbios tão grandes que apareceria uma erupção súbita de energia, capaz de destruir o próprio buraco de minhoca.
Mas a proteção da cronologia continua a ser apenas uma conjectura. Em teoria, as viagens no tempo são possíveis. A solução definitiva do assunto pode ter que esperar a união com sucesso da mecânica quântica com a gravitação, talvez por meio de uma teoria como a teoria das cordas ou sua extensão, a chamada teoria-M. Podemos imaginar que a próxima geração de aceleradores de partículas será capaz de criar buracos de minhoca subatômicos. Eles poderiam sobreviver por tempo suficiente para que partículas próximas executem rápidos círculos causais. Isso estaria muito longe do que Wells imaginou como uma máquina do tempo. Mas já seria suficiente para transformar definitivamente nosso panorama da realidade física.
Resumo
- Viajar no tempo para o futuro é fácil. Se você viajar numa velocidade próxima à da luz ou permanecer num campo gravitacional muito intenso, o tempo vai passar mais devagar para você que para as outras pessoas. Quando você voltar à situação normal, estará no futuro.

- Viajar para o passado é mais complicado. Pela teoria da relatividade, isso é possível em certas configurações de espaço-tempo: um universo em rotação, um cilindro em rotação e num buraco de minhoca - um túnel que atravessa o espaço e o tempo.

Se você não ficou doido agora não fica nunca mais!!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pela criatividade e pelo assunto tão interessante...